Sonhei com um menino que vislumbrava o céu noturno e tentava agarrar as estrelas. Eram tantas ... como gotas no oceano. E ele se perdia no seu olhar. Sonhei com a mãe desse menino, que como ele almejava alcançar o infinito e romper as fronteiras do impossível. Juntos, em um pequeno bote construido com precárias tábuas de esperança, zarparam em busca da verdadeira aventura e navegaram por este imenso, maravilhoso e assustador mar de estrelas.
E isso, na verdade, fez toda a diferença em suas vidas.

Nossa história

Como tudo começou:
Eu sou a Fê e tenho um filho, meu pequeno príncipe Tom. Ele é mesmo um príncipe, lindo, quase um anjo.
Tom, pequeno, tinha uma personalidade algumas vêzes diferente das outras crianças. Mas se desenvolveu relativamente bem, aprendendo a falar cedo, a fazer um monte de coisas, a contar e falar das cores e formas. Escrevia seu nome, perguntava o porque de coisas às vêzes inusitadas, e já fazia tentativas de juntar sílabas e ler. Mas ...sim, haviam idiossincrasias. Tinha dificuldade de se relacionar com outras crianças (às vêzes parecia que elas não existiam para ele), tinha dificuldade em manusear as coisas, chorava porque nunca sabia onde havia deixado seus brinquedos, desistia facilmente das tarefas mais difíceis.
Então aconteceu: nos mudamos de uma pacata cidade do interior para a cidade grande. Mundo novo e estranho, fora do padrão rotineiro? Provavelmente. Novas escolas, dificuldades de adaptação, dificuldade de todos em lidar com as dificuldades dele. E a coisa virou bola de neve. Sucedeu-se o declínio da cognição, da fala, e ele mergulhou no autismo, em meio a crises familiares que muito provavelmente serviram para desconstruir ainda mais o seu mundo.
Foram três anos de diagnósticos desencontrados (e assustadores), médicos sem conseguir enquadrá-lo em faixas do espectro, o fantasma do autismo desintegrativo, o doloroso processo de assistir meu filho perdendo a batalha contra o autismo sem ter poder para alterar isso...
Ou será que não temos o poder? E afinal de contas, que sentido faz de estarmos todos aqui? Não estamos todos vivos? Sim. Então vivamos, com qualidade de vida.
Após quase quatro anos de angústias e mais erros do que acertos (como batemos cabeça neste processo), após o fim de um casamento e a submissão a um trabalho estressante e árduo na empresa em que trabalho (sim, aguentei tudo com estoicismo), percebí que não havia desistido. Lembrei de uma frase famosa e engraçada (quem conhece futebol sabe): o jogo só acaba quando termina.
Hoje estou mudando a tática: resolví iniciar tratamento biomédico no meu filho, iniciar uma dieta antiglutén e antilactose, planejando radicalizar e fazer uma revolução através da alimentação (inclusive adotando os orgânicos). Esse vai ser um dos temas recorerntes do meu blog. E não porque acho que isso vá curar totalmente o meu filho. Mas no mínimo vai ajudá-lo. E afinal de contas, comer melhor é saúde.
Resolví mudar também a equipe que me atende e vou falar dela mais adiante. Mas a proposta é trabalhar Tom através de um processo lúdico, o que faltou nestes últimos anos. Falarei também disso.
Onde chegaremos? Não tenho a menor idéia. Mas quer saber? Não importa. Tom adora um filme chamado "Expresso Polar". Nele o condutor diz para o pequeno herói que protagoniza a história: "Sabe o que dizem dos trens? Não importa o destino. O importante é embarcar".

Que o Divino e Maravilhoso Criador abençoe o seu dia, lhe dê força e esperança, e flua em todo o seu ser. Deixe-se tocar por ele. Deixe que ele se manifeste em você. Porque ele é o Uno, o Alpha e o Ômega, o Mar para onde todos os rios correrão no final.
Que assim seja.